Médico obstetra é condenado a 6 anos de prisão por morte de paciente após parto no RS
Caso ocorreu em Parobé, na Região Metropolitana, em agosto de 2023. Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos, morreu cerca de dois meses após cesárea. Quais a...

Caso ocorreu em Parobé, na Região Metropolitana, em agosto de 2023. Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos, morreu cerca de dois meses após cesárea. Quais as diferenças entre o homicídio culposo e doloso? Um médico obstetra foi condenado a seis anos e 25 dias de prisão pela morte de uma paciente após o parto. Ele foi responsabilizado pelos crimes de homicídio culposo com agravantes (quando não há intenção de matar, mas há negligência) e falsidade ideológica. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp A decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) foi tomada na terça-feira (10) pela 2ª Vara Judicial de Parobé, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A conclusão determinou regime semiaberto. O nome do médico não foi divulgado. O caso aconteceu no Hospital São Francisco de Assis, na cidade de Parobé (RS), em agosto de 2023, depois de uma cesariana feita pelo médico. A vítima é Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos. Segundo a denúncia do Ministério Público, durante o parto, o médico teria deixado uma gaze (compressa cirúrgica) dentro do abdômen da paciente. Meses depois, ele teria feito outra cirurgia para retirá-la, mas não teria detalhado isso no prontuário médico. Em vez disso, teria registrado que o procedimento era para remover um cisto no ovário. Relembre o caso abaixo. Na sentença, o juiz afirmou que ficou claro no processo que o médico agiu com negligência, ou seja, não teve o cuidado necessário durante o procedimento. "O réu agiu com negligência, faltando com seu dever de cuidado objetivo, ao deixar de inspecionar a cavidade abdominal da paciente após o procedimento cirúrgico realizado e antes de proceder ao fechamento da parede abdominal", afirmou o Juiz de Direito Thomas Vinicius Schons. O magistrado também destacou que o médico teria tentado esconder o erro ao jogar fora a gaze retirada, impedindo que o material fosse analisado por peritos. Além disso, ele teria registrado informações falsas para continuar trabalhando como médico, mesmo após o erro. Além da prisão, o profissional terá que pagar indenização por danos morais no valor de 100 salários mínimos para cada um dos seis filhos da paciente e também para o marido dela. A decisão ainda cabe recurso, ou seja, o médico pode recorrer para tentar mudar o resultado. Relembre o caso Polícia apura caso de paciente que morreu após ter gaze esquecida dentro do corpo no RS O caso começou a ser investigado pela Polícia Civil quando a paciente morreu, no dia 23 de agosto de 2023, dois meses após realizar um parto por cesárea. Exames de imagem apontaram que havia gaze dentro do corpo de Mariane. Mariane deixou seis filhos, entre elas a criança de dois meses, e o marido. Na época da ocorrência, o Hospital São Francisco de Assis afirmou, em nota, que a morte da paciente se deu por "complicação pós-cirúrgica descrita na literatura e não previsível". A instituição disse que "todas as medidas adotadas foram corretas" e que trabalha "há mais de 40 anos pautada nos ditames éticos e legais vigentes para oferecer a melhor assistência". A entidade afastou o médico dias após a apuração do caso pela polícia. Conforme o marido de Mariane, Cristiano da Silva, de 44 anos, algum tempo após receber alta hospitalar, a mulher começou a se queixar de dores na região abdominal. "Não conseguia dormir, chorava de dor. A dor importuna, né?", relatou Cristiano. Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos Arquivo pessoal Diante da recorrência das reclamações, eles buscaram atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Novo Hamburgo. Na época, a Fundação de Saúde de Novo Hamburgo confirmou que foi realizada uma ultrassonografia em Mariane, no dia 14 de agosto de 2023, que constatou o material no organismo da mulher. Segundo o marido, após a realização de exames na UPA, foi dada a recomendação para que eles retornassem ao hospital. Mariane ficou internada e passou por duas cirurgias. Ela teria feito um primeiro procedimento logo após dar entrada no hospital, para retirar um abscesso, e um segundo, que não teria sido comunicado aos familiares, segundo a versão do marido. No dia seguinte, foi confirmado o óbito. Velório de Mariane Aita foi realizado, e corpo foi encaminhado para necropsia Reprodução/RBS TV VÍDEOS: Tudo sobre o RS